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‘Gringo recifense’: inglês que vive em Pernambuco viraliza nas redes sociais com expressões nordestinas

14 nov 2021|Postado em:Notícias, RECIFE

 

Peter O’Brien ficou conhecido como “gringo recifense” após vídeo viralizar nas redes sociais — Foto: Arquivo pessoal

Peter O’Brien disse que aprendeu expressões morando na região e falando todos os dias com os nativos. Doutora em letras explicou que a linguagem é também uma forma de integração com a população local.

Um inglês viralizou nas redes sociais pela naturalidade como usa expressões tipicamente nordestinas. Natural de Londes, na Inglaterra, Peter O’Brien, de 26 anos, mora em Pernambuco desde março de 2019. Apesar de viver em Petrolina, no Sertão do estado, morou por dois anos no Recife e ficou conhecido nos últimos dias como “gringo recifense”, após a publicação fazer sucesso no Twitter.

Veja o vídeo

“O gringo recifense não é real e não pode te machucar”, disse a psicóloga Amanda Cunha, 24 anos, ao compartilhar um vídeo publicado pelo inglês no TikTok. Até a última atualização desta reportagem, o tweet da Amanda tinha mais de 5 mil compartilhamentos e 55 mil curtidas.

Em seguida, ao publicar outro vídeo de Peter nos comentários, ela brincou: “que ódio, já ganhou a carteirinha de recifense”.

Peter começa o vídeo que viralizou avisando que vai compartilhar algumas gírias que aprendeu morando no Nordeste, e usa expressões como “oxente, tá doido cara?”, “misericórdia!”, e “véi, não acredito não” para mostrar que aprendeu direitinho o “pernambuquês”, como ficou conhecido popularmente o jeito de falar do povo pernambucano.

Engenheiro mecânico que hoje trabalha com marketing digital, ele afirmou que gosta muito das expressões e gírias nordestinas que aprendeu morando na região e falando todos os dias com os nativos.

“Um amigo recomendou que eu gravasse vídeos sobre a minha experiência aqui e as coisas que são diferentes e engraçadas. Então criei um TikTok para mostrar as minhas histórias e experiências no Brasil”, contou.

O inglês disse que o primeiro vídeo dele a viralizar foi o que fez em uma festa falando português como aprendeu, com sotaque nordestino.

“Foram muitos comentários querendo saber sobre meu sotaque e a razão de um gringo morar no Nordeste e não em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro”, disse, comentando que percebeu que ainda existe discriminação a respeito do sotaque nordestino.

Peter disse que quase não usava o Twitter e que ficou impressionado ao ver que a repercussão do vídeo. Ele tinha menos de 200 seguidores na rede social e agora já conta com mais de 2 mil.

“Uma moça pegou meu vídeo, colocou no Twitter e bombou lá, com quase 600 mil visualizações. Ganhei 2 mil seguidores por causa desse vídeo”, disse.

O’Brien decidiu morar em Pernambuco depois que conheceu uma recifense em um site que é usado para conversar com pessoas anônimas pela internet, em 2014. “É um site bem aleatório, você não pode escolher com quem fala. Ela apareceu e a gente começou a conversar”, disse.

Após seis meses de conversa, ele decidiu que precisava conhecê-la pessoalmente. “Passei seis meses com ela e a família dela no Recife. No quinto mês eu pedi ela em noivado e ela aceitou. Voltei para o meu país depois de seis meses, fiz faculdade e depois de me formar voltei ao Brasil para morar com ela”.

Ele disse que ficou morando com ela no Recife e depois ela decidiram se mudar para Petrolina por conta da faculdade dela. “E estamos aqui. Em 2019 a gente casou na Inglaterra, meu país”, detalhou.

Integração pela linguagem

 

Doutora em letras [linguística] pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Normanda Beserra explicou que a linguagem é também uma forma de integração com a população local.

“Se um estrangeiro tem interesse genuíno naquela comunidade, a integração dele com a comunidade começa com a fala, então é na interação que ele vai aprendendo a usar as expressões e vai se fortalecer como membro da comunidade de falantes. O melhor caminho, o caminho mais natural, sem dúvida, é a linguagem”, destacou.

Normanda lembrou que quem vive em Pernambuco tem um jeito particular de falar, mas que isso não é exclusividade do estado.

“Todo lugar tem seu jeito, sua maneira de se expressar com a linguagem e essas particularidades – de léxico, de pronúncia, de entonação, de ritmo etc – a introdução de novas expressões ou a incorporação de expressões que eram do passado e que voltam ao uso é um processo natural, que surge na interação com a comunidade de falantes”, ressaltou.

Fonte: G1 PE

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