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LIÇÕES DA HISTÓRIA/Jornalista Evaldo Costa faz análise entre o Campeonato Europeu e o Pernambucano

13 jan 2020|Postado em:RECIFE

O CAMPEONATO PERNAMBUCANO E AS GRANDES LIGAS EUROPEIAS: O QUE TÊM A VER?

A expectativa para a 105ª edição do Campeonato Pernambucano de Futebol, que começa no próximo dia 18, pode ser definida como desatenta ou negativa para muitos. Para mim é nostálgica.

O futebol que veremos dificilmente estará no nível que já vimos aqui, no passado recente, quando foi disputado por grandes craques como Juninho Pernambucano e Ricardo Rocha, para citar alguns com grande renome internacional, além de Rivaldo, membro do pequeno grupo dos eleitos melhor jogador do mundo pela FIFA, em 1999.

Aliás, a nostalgia é reforçada pelos próprios clubes, já que as contratações mais badaladas para este ano são antigos ídolos, como Tiago Cardoso (Santa Cruz), Kieza (Náutico) e Rithely (Sport), que ainda podem ter a companhia de Diego Souza.

O vetor da mudança foi a televisão, por duas razões. A primeira é que permite a comparação direta, antes impossível, entre o nível técnico dos jogos transmitidos e dos que podemos ver nos estádios locais. Da década de 1980 até 2001 tivemos nove clássicos pernambucanos com público superior à 70 mil pagantes. É bem verdade que a Lei Pelé limitou o tamanho dos estádios, mas não se vê uma pressão em cima dessa capacidade realmente instalada.

A História do futebol pode ser dividida em três fases, a primeira foi a fase do amadorismo, onde os clubes eram financiados pelos sócios, inclusive os próprios jogadores eram também associados.

Na segunda fase, os clubes passaram a ser financiados pela bilheteria dos jogos, ou seja, pelo próprio torcedor. Esta fase durou de 1933 a 1987.

A terceira fase é a do futebol financiado pela televisão e marketing esportivo, que desloca o foco para os mercados globais em detrimento do local.

Não há um só jogador em Pernambuco com capacidade técnica para jogar na Europa. Se houvesse, já estaria lá.

O poder de atração das ligas europeias é tão forte que os jogadores são transferidos quando ainda têm dente de leite, sem nunca fazer parte de um clube brasileiro. É o caso de Roberto Firmino, hoje no Liverpool. Há casos de jogadores que se mudam tão cedo e se ambientam tão bem que acabam por se naturalizar como Thiago Alcântara, do Bayern de Munique, que se tornou espanhol, e Deco, hoje aposentado, mas que marcou época pelo Porto e Barcelona, tornando-se português.

Se o jogador brasileiro, que chega à seleção, não termina de se desenvolver e não tem vivência nos clubes brasileiros, como representará a escola brasileira, o jeito brasileiro de jogar futebol?

Para que se tenha ideia do tamanho das cifras envolvidas.

Pegue a folha salário de um time que gasta por mês R$ 800 mil, multiplique por 12, some as férias e o 13º. Você terá cerca de 11 milhões de reais, o que gira em torno de 2,5 milhões de euros. Isso é o salário mensal de um jogador mediano dos grandes clubes da Europa, isso porque não falei de Cristiano Ronaldo, nem Messi.

A diferença de competitividade é abissal. A Liga Inglesa em 1986 recebeu por volta de 6, 3 milhões de libras pelos direitos de televisão do campeonato. Quando foi no ano de 1988 deu um grande salto, recebendo aproximadamente 44 milhões de libras. Assim também foi no Brasil, a partir de 1987, quando a Rede Globo entrou no negócio dos direitos de transmissão pela televisão.

Como fazer o futebol brasileiro mais atraente? Como fazer com que nossos campeonatos obtenham atenção do público, num contexto em que os campeonatos internacionais exercem tamanha atração?

A meu ver, só trazendo a torcida de volta, para dentro do estádio. E para reanimar a torcida precisamos devolver a competitividade local, regional e nacional. Deve-se resgatar a mística do Fla x Flu, por exemplo, que hoje é pura nostalgia pela diferença técnica e financeira. Ter uma distribuição de recursos que construa equilíbrio em vez de fortalecer monopólios.

Que os campeonatos comecem e terminem sem que se saiba antes quem vai ganhar no final. Que cada jogo seja decisivo.

Ouça aqui: https://www.cbnrecife.com/podcast/licoes-da-historia

CBN Recife #licoesdahistoria #historia #esportes #politica #cultura#campeonatopernambucano #futebol

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