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É possível envelhecer sem problemas de memória

19 out 2020|Postado em:Artigo

 

Pixabay

 

Geriatra explica que cuidados e detecção precoce de doenças podem evitar esquecimentos na terceira idade

É comum associarmos problemas de memória à velhice. Quando esquecemos algo, justificamos logo com o famoso “estou ficando velho”. Mas é preciso acabar com essa ideia equivocada: a perda da memória não é algo inevitável no processo de envelhecimento. “Muitas pessoas ainda pensam que é normal um idoso esquecer das coisas, ou mesmo que todo idoso terá Alzheimer. Essas afirmações são falsas e é de extrema importância desmistificá-las”, afirma o geriatra Felipe Bozi, médico da clínica multidisciplinar digital Nilo Saúde.

De acordo com o especialista, a idade não é o único fator determinante para o desenvolvimento de problemas de memória e podemos encontrar pessoas de 90 anos com ótima memória e qualidade de vida, enquanto outras de 70 ou 60 anos irão apresentar problemas de memória que impactam no dia a dia delas. Para entender melhor a diferença entre uma doença degenerativa e um simples esquecimento, é importante saber o que muda nas nossas funções cognitivas quando envelhecemos.

Segundo o médico, todos temos, efetivamente, uma redução na velocidade de processamento das informações com o passar dos anos. Isso quer dizer que, conforme envelhecemos, precisamos de um maior tempo para ler, reter e compreender novas informações. Também diminui nossa capacidade de atenção dividida, que nos ajuda a desempenhar múltiplas tarefas ao mesmo tempo.

“Essas duas alterações são normais com o envelhecimento. Já o esquecimento de coisas importantes, como não lembrar o nome de pessoas do seu convívio social ou não conseguir reconhecer ou nomear algum objeto, e até mesmo perder a capacidade de fazer frases completas, não são normais. E é preciso que a gente saiba que esses problemas demandam uma avaliação para que possamos entender o que está acontecendo com o idoso”, diz Bozi.

Causas reversíveis X irreversíveis

O envelhecimento pode, então, trazer um pequeno déficit de atenção e de concentração, mas de nenhuma maneira compromete as funções sociais de uma pessoa. Todos terão esquecimentos pontuais, independentemente da idade, e isso é normal. Mas quando é o caso de se preocupar?

Para o geriatra, quando a perda da memória começa a impactar nas atividades diárias da pessoa idosa, quando impacta em sua sociabilização ou nas atividades que gosta de fazer no dia a dia, como, por exemplo, acompanhar a trama da novela que assiste na televisão, é preciso procurar profissionais médicos que possam pesquisar e entender o que está acontecendo com a pessoa.

“Vamos buscar por causas reversíveis de alterações de memória, como, por exemplo, falta de vitamina B12 ou alterações de tireoide – que são distúrbios que podem gerar falhas na memória, mas que, com tratamento, conseguimos melhorar o quadro. Descartadas causas reversíveis, temos as irreversíveis, que seriam as demências neurodegenerativas. Entre elas, a mais comum é o Alzheimer, que é um problema de memória de instalação lento, progressivo, que aumenta a sua prevalência conforme as décadas passam depois dos 60 anos”, explica o médico.

Por achar que é normal que o idoso tenha problemas de memória, que ele deixe de fazer suas atividades habituais porque está mais esquecido, ele mesmo e os familiares atrasam a busca por uma avaliação médica adequada. Quanto antes o problema for identificado e o tratamento iniciado, maiores serão as chances de êxito.

Fatores de risco

Parte dos problemas de memória é associada a fatores genéticos que não podemos modificar, mas, em outros casos, é possível atuar para melhorar a situação. De acordo com o médico da Nilo Saúde, um fator importante associado a problemas de memória na velhice é a perda auditiva.

“Sabemos que a pessoa idosa tem uma tendência à redução na capacidade de audição, própria do envelhecimento, e isso precisa ser visto precocemente, pois quanto antes a gente conseguir corrigir o problema de audição, melhor será para tentar manter uma boa memória. Uma boa audição permite que a pessoa continue socializando, interagindo com familiares, e isso é essencial para manter ativo o circuito dentro do cérebro”.

Doenças como pressão alta e diabetes, vícios como cigarro e uso de álcool, também são fatores tratáveis e que evitam que se tornem um risco para a memória. Outros pontos importantes de serem observados, segundo o geriatra, são a falta de atividade física, o isolamento social e a depressão.

“Devemos tratar a depressão de maneira adequada, reconhecer os seus sinais e fazer o tratamento. E é importante estimular a socialização da pessoa idosa: ela deve estar inserida num meio em que consiga conversar e interagir com outras pessoas e que tenha hobbies que estimulem e mantenham a sua mente ativa. Isso tudo vai ajudar na tentativa de evitar um problema de memória”, completa.

Dicas de como prevenir

Além de acompanhamento médico periódico, todos podemos desde já adotar hábitos saudáveis que nos ajudarão a manter nossas funções cognitivas e nossa memória em excelentes condições futuramente. Confira algumas dicas do médico:

– Praticar exercícios físicos e manter o corpo ativo;

– Tratar doenças crônicas (pressão alta, diabetes);

– Deixar de fumar e de ingerir álcool em quantidades excessivas;

– Manter sempre uma boa sociabilização, tanto com familiares quanto com amigos;

– Manter a mente ativa: assistir a programas estimulantes na televisão, ler ou fazer atividades como sudoku e palavras cruzadas.

Sobre Felipe Bozi

Felipe Bozi é médico formado pela Escola Superior de Ciências da Saúde em Brasília (ESCS) e especializado em Clínica Médica e Geriatria pelo Hospital das Clínicas da USP. Seu interesse pela geriatria começou ao perceber que o paciente idoso precisa de um olhar diferenciado que respeite sua biografia e suas expectativas, pois só assim é possível fazer um cuidado adequado de sua saúde. Após terminar a residência de Geriatria, trabalhou por um ano como preceptor dos residentes no HCFMUSP, contribuindo para a formação dos novos médicos residentes em Geriatria. Depois, passou a integrar o time da Nilo Saúde, uma clínica multidisciplinar digital especializada na saúde integrada do público 50+.

Sobre a Nilo Saúde

A Nilo Saúde é uma startup criada em janeiro de 2020, que iniciou sua atuação em plena pandemia do coronavírus. É uma clínica multidisciplinar digital, especializada no público acima de 50 anos, que oferece serviços de atenção primária e secundária a todo o Brasil. O processo de apresentação da empresa, triagem de pacientes e consultas é 100% online, com direcionamento a hospitais e laboratórios em caso de internação ou realização de exames, e a especialistas em casos específicos. Um médico da Nilo Saúde fica responsável pelo paciente para que possa centralizar o seu histórico e acompanhar constantemente a sua saúde. O objetivo é prevenir doenças e melhorar a qualidade de vida. Tudo através de um contato próximo e humanizado.

 

 

Colaboração de Carolina Capozzi

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