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Oito em cada dez casos de sífilis congênita em Recife não são notificados

25 ago 2021|Postado em:RECIFE

 

Foto: Agência Brasil

Entre as doenças que podem ser transmitidas da mãe para o bebê durante a gravidez, a sífilis é a que tem as maiores taxas de transmissão. Por ser um problema de Saúde Pública mundial, o Brasil incluiu a sífilis congênita no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). Porém, mesmo sendo uma doença de notificação obrigatória, 80,9% dos casos de sífilis congênita em bebês e crianças em Recife são subnotificados, o que dificulta o conhecimento real da magnitude da sífilis na cidade.

A análise é de um estudo de pesquisadores da Secretaria de Saúde do Recife, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), da Fundação Joaquim Nabuco e do Instituto Aggeu Magalhães, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), de Recife, publicada na revista “Epidemiologia e Serviços de Saúde” nesta quarta-feira (25). Apesar da elevada subnotificação, dados do Ministério da saúde mostram que Recife registra uma média alta de casos de sífilis congênita em relação à média estadual e nacional: 29,1 para mil nascidos, enquanto Pernambuco é de 11,8 e a nacional de 6,5.

Para estimar as subnotificações de óbitos fetais e infantis que tiveram a sífilis congênita como causa básica ou associada em Recife, os pesquisadores cruzaram dados registrados entre 2010 e 2016 no Sinan, principal fonte de dados epidemiológicos da doença, e no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM). Além da subnotificação de 80,9% no Sinan, no SIM houve subnotificação de 7% das mortes relacionadas à doença.

A doença é responsável por graves sequelas nos nascidos vivos, e óbitos fetais e infantis, mas pode ser evitada e tratada. O controle da sífilis congênita é também uma das metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável definidos na Assembleia Geral das Nações Unidas para reduzir a mortalidade infantil no mundo com a meta de eliminar a doença até 2030.  Sua ocorrência indica falhas na atenção à saúde materna e infantil sobre prevenção, diagnóstico e tratamento da doença durante o acompanhamento pré-natal.

A prevenção da sífilis congênita começa já na orientação sobre Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) e no uso de preservativos. Porém, com o diagnóstico da doença, é possível realizar tratamentos adequados, como explica a pesquisadora da Secretaria de Saúde do Recife Martha Maria de Albuquerque Belo, uma das autoras do estudo:  “Uma vez contaminada, a mulher grávida pode fazer uso das medicações disponíveis após consulta com um médico e, assim, evitar que a doença passe para o bebê”.

A subnotificação de óbitos por sífilis congênita é uma irregularidade que ocorre quando um caso suspeito ou confirmado foi reconhecido por um profissional de saúde e não foi notificado à autoridade competente. Falhas no preenchimento dos campos obrigatórios das fichas de notificação e investigação e problemas na identificação das causas básicas ou associadas ao óbito, na Declaração de Óbito (DO), também geram subnotificações.

Para ajudar nos serviços de vigilância da sífilis, Belo orienta que a técnica de cruzamento de bancos de dados, com uso de análise probabilística, seja implementada na rotina desses serviços. “Com isso, seria possível facilitar o encontro das subnotificações e, assim, contribuir para a qualidade das informações fornecidas ao sistema”. É com base nestas informações que se formulam e implementam políticas públicas e estratégias de prevenção da sífilis.

“Nosso país só passou a dar valor às notificações com a entrada da Covid-19. É a partir das notificações que as autoridades sanitárias conseguem contabilizar casos, óbitos, abandono de tratamentos, entre outros. Com a sífilis congênita não é diferente. É importante sensibilizar os profissionais responsáveis pelo atendimento ao paciente a relevância desse processo, sobretudo porque é a partir do conhecimento do real cenário no município que a gestão e área técnica traça um planejamento estratégico para sua evitabilidade”, observa a pesquisadora.

 

Fonte: Diario de Pernambuco

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